Estudos recentes, feitos por investigadores do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), concluem que «a presença do pai na vida da criança tem um papel fundamental para o seu desenvolvimento sócio-emocional a vários níveis», refere a Lusa.Na sua tese de mestrado intitulada «Pai, conta-me uma história - A importância do Pai no Desenvolvimento da Auto-estima na Criança», apresentada em Março, a psicóloga Inês Rito concluiu que «as crianças que têm um pai presente, com o qual coabitam na mesma casa, têm um nível de auto-estima superior àquelas que têm um pai ausente, com o qual não vivem».
Para este estudo, a investigadora inquiriu 81 crianças, com idades entre os oito e os doze anos, das quais 51 têm um pai presente e 30 têm um pai ausente.
Para medir o desenvolvimento da sua auto-estima, utilizou o método de Susan Harter, um instrumento científico utilizado para este fim nas crianças, através de perguntas que têm uma escala de auto-avaliação.
O método diz respeito a vários domínios, nomeadamente a competência escolar, que mede o quão competente a criança se sente, a aceitação escolar, que mede o quão popular ou socialmente aceite a criança se auto-avalia, entre outros aspectos.
«Depois de analisar todas as respostas nos dois grupos de crianças, concluí que as crianças com pai presente têm os seus níveis de auto-estima bastante superiores àquelas não vivem com o pai», disse Inês Rito.
A psicóloga defende que «o pai é um pilar muito importante no desenvolvimento de qualquer criança», mas assume que «nem sempre os pais presentes são uma mais-valia», referindo-se àqueles que, embora presentes, não convivem directamente com os filhos.
Um outro estudo feito na Unidade de Psicologia Cognitiva do Desenvolvimento e da Educação do ISPA e também divulgado neste mês de Março concluiu, de forma semelhante, que «quanto maior é a participação e o envolvimento do pai no crescimento e educação da criança melhor é a qualidade da relação que se estabelece entre ambos».
Segundo a psicóloga Manuela Veríssimo, uma das responsáveis pela investigação e docente do ISPA, «a figura do pai tem uma grande importância na vinculação com o progenitor e a sua imagem na família, enquanto um ser um pouco esquecido, começa a ser encarada de outra forma».
A amostra deste estudo consistiu em entrevistas a 44 díades mãe/criança e pai/criança, tendo as crianças, em média, 31,91 meses, sendo 23 do sexo feminino e 21 do sexo masculino, com mães e pais a trabalhar a tempo inteiro.
Foram feitas análises à participação do pai nas actividades e à qualidade da vinculação pai/filho, que permitiram chegar a estas conclusões.
«Apesar de, hoje em dia, ser quase sempre a mãe a realizar as tarefas domésticas, a ir às reuniões da escola ou a ficar em casa quando os filhos estão doentes, o pai participa de forma igualitária nas actividades lúdicas da criança», pode ler-se nas conclusões da investigação.
Ainda na área das actividades lúdicas, estes investigadores concluíram que «quanto mais elevadas as habilitações literárias do pai maior a sua participação nas actividades de brincadeira/lazer».
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