segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sexualidade infantil


Um assunto premente numa sociedade em que, cada vez mais cedo, as crianças são confrontadas com alusões mais ou menos directas ao tema, nomeadamente na televisão (anúncios e telenovelas)

Rodeada de tanta informação, aliada ao normal desenvolvimento, surge a curiosidade da criança em relação à sexualidade. Alguns pais disfarçam e mudam de assunto, sem saber como responder às dúvidas. Outros estimulam, achando que tudo é natural ou respondendo de forma demasiado científica às questões das crianças.

Desde há muito que sabemos que a sexualidade infantil é uma construção psíquica, que se inicia no nascimento e evolui até ao final da adolescência, levando, na maioria dos casos, à escolha de um objecto heterossexual na idade adulta. Uma sexualidade bem construída é fundamental para o desenvolvimento da personalidade e da capacidade de estabelecer relações afectivas estáveis.

Como evolui a sexualidade infantil?
Desde que o bebé nasce que tem sensações, emoções e sentimentos ligados ao sexo biológico, isto é, tem sexualidade. Assim, o bebé irá evitar a dor e procurar o prazer. Freud chamou, a esta fase, Fase Oral, em que o bebé aprende a esperar pela satisfação dos seus desejos e onde procura explorar e conhecer o seu corpo (observa as mãos e os pés, leva-os à boca, experimenta os timbres da sua voz, toca nos órgãos genitais). Por volta dos dois anos a criança começa a controlar os esfíncteres, ou seja, compreende que é ela que deve reter o chichi e o cocó. Esta fase, a que Freud chamou Fase Anal, é muito importante para a sua sexualidade, pois, para além de ser uma fonte de prazer, permite à criança compreender que é ela que controla o seu corpo.

Aos três anos, ela apercebe-se da diferença anatómica entre sexos, o que traz repercussões psicológicas importante ao nível da organização da sexualidade infantil (marcada por uma curiosidade natural pelo seu corpo e pelo do outro) e da posterior construção de uma identidade individual e sexual adequada. Aos 4 e 5 anos a criança começa a aceitar-se a si mesma numa dimensão psico-sexual, enquanto rapaz ou rapariga e a experimentar comportamentos e sentimentos associados a essa definição, havendo uma identificação com o progenitor do sexo oposto, que já tinha sido iniciada aos três anos. Freud designou este período por Fase Fálica, onde se consolida grande parte da identidade sexual. Os pais e educadores devem encarar como natural a sexualidade da criança e esclarecer, de maneira clara e simples, a curiosidade sexual da criança na medida em que ela surge.

Uma óptima estratégia é devolver a questão à criança, perguntando-lhe: “O que é que tu achas sobre isso?” Dessa forma, é possível adaptar a resposta ao grau de conhecimento e de desenvolvimento da criança; é importante adequarmos a informação: esta deve ser exacta, sem tabus e receios de utilizar as expressões correctas. Se a atitude do adulto for de constrangimento, respondendo com evasivas, estará a passar à criança uma mensagem de que a sexualidade é negativa ou proibida. Se o adulto optar por fugir do tema, ela irá procurar satisfazer a sua curiosidade noutro lado. Se não souber exactamente como explicar, digam à criança que irão procurar um livro, adequado à sua idade, que ajude a entender o assunto.

Necessidades e curiosidade

Ocorrem com alguma frequência a exploração e a manipulação dos órgãos genitais, a exibição ou o toque no corpo de outra criança. As crianças também têm necessidades sexuais, curiosidade e prazer na estimulação do seu próprio corpo.
A atitude dos adultos perante este facto é muitas vezes de embaraço e de recriminação, provocando um sentimento de culpabilidade e a ideia de que a sexualidade é negativa. Nestes casos deve conversar calmamente com a criança e explicar-lhe que não faz mal ela mexer no corpo, mas que só o deve fazer quando estiver sozinha.
Diga-lhe que percebe que ela esteja interessada em conhecer o seu corpo e o das outras pessoas e mostre-se disponível para conversar, para que ela não sinta necessidade de satisfazer a sua curiosidade natural com o grupo de pares.

Fonte: http://familia.sapo.pt/

Na passada quarta-feira, vi o programa "Em Reportagem"da RTP1 acerca da transexualidade "Nascer no corpo errado" e fiquei a pensar na questão da identidade sexual na infância.
  • Como se sentirá a criança que sente mal no corpo que tem?
  • Como deve o educador encarar a situação?
  • Como ajudar/orientar a criança, assim como a família neste processo díficil de identidade sexual?

Clique aqui e veja o programa.

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